Daniela Lopes dos Santos

Longevidade - zonas azuis

Na coluna anterior, de duas semanas atrás, começamos a falar sobre as Zonas Azuis, que são as 5 regiões do mundo que concentram grande quantidade de idosos saudáveis e centenários. Essas regiões são na Província de Nuoro na Sardenha, Itália, em Okinawa no Japão, Nicoya na Costa Rica, Ilha de Ikária na Grécia, e Loma Linda nos Estados Unidos. Vários estudos têm sido desenvolvidos por lá, na tentativa de entender o que faz com que nesses locais haja maior longevidade. Alguns fatores já foram observados e relatados pelos pesquisadores. Na coluna anterior citamos a Vida Ativa, que inclui muito movimento e baixo nível de sedentarismo, e o Equilíbrio Alimentar, em que determinados tipos de alimentos são consumidos regularmente. Hoje citamos os outros fatores já evidenciados.


Controle do estresse

Os moradores das zonas azuis têm um ritmo de vida diferente dos moradores das grandes cidades, bem mais tranquilo. É claro que problemas e estresse fazem parte da vida de qualquer pessoa, mas nessas regiões parece haver um grande esforço para a redução do estresse.
Algumas dessas comunidades têm o interessante hábito de uma soneca durante o dia, como a sesta, por exemplo. A reunião com amigos para jogar conversa fora e fazer um “happy hour” também é comum, e no caso de Loma Linda, comunidade adventista, há o costume de reservar um dia na semana para se desligarem de tarefas cotidianas e se dedicarem ao convívio ou atividades religiosas.


Convívio social (especialmente em grupos saudáveis)

O convívio com amigos e familiares normalmente é uma fonte de gratificação. Sabe-se que o prazer e a sensação de pertencimento liberam neurotransmissores que promovem benefícios biológicos, melhorando a saúde física e mental. Então, o convívio com outras pessoas pode melhorar a saúde e proporcionar maior longevidade. As comunidades das zonas azuis se destacam pelo senso de comunidade, apego à família e boa convivência. Inclusive, é muito comum que os idosos vivam junto de suas famílias, convivendo com filhos e netos. Além disso, o grupo social com que se convive regularmente é determinante dos hábitos de vida.
Pesquisas demonstram que quando se faz parte de grupos de pessoas com interesse em hábitos saudáveis, todos se beneficiam e se sentem motivados a comer bem, a praticar exercícios e assim por diante. Em várias dessas zonas azuis, os hábitos saudáveis são uma questão cultural ou até mesmo impostos pelas limitações econômicas.


Consumo de resveratrol

O resveratrol é uma substância presente nas uvas que tem efeitos benéficos conhecidos há bastante tempo pela ciência. Em algumas das zonas azuis, o consumo de resveratrol é cultural. Embora algumas dessas comunidades tenham o hábito de tomar vinho, outras utilizam o suco de uva que, além dos benefícios já mencionados, ainda evita problemas no fígado causados pelo álcool. O consumo de uma a duas taças de vinho por dia é uma prática comum na Sardenha, por exemplo, o que previne problemas cardíacos, diminui a pressão arterial e melhora a qualidade do sono.


Ter um senso de propósito

As pessoas vivendo nas zonas azuis têm também em comum o fato de sempre procurarem ter um objetivo, um propósito de vida, mesmo já sendo idosos. O grupo de Nicoya chama isso de “plan de vida” e o de Okinawa, de “ikigai”. São atividades junto à comunidade e à família, ajudando e ensinando outras pessoas, cuidando de animais e de jardins e hortas. A espiritualidade e religiosidade também estão presentes nas zonas azuis. Assim, tudo indica que saber que sua vida e seu trabalho beneficiam outras pessoas, o local em que vive e até mesmo a humanidade, proporciona saúde e longevidade.

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